29 julho 2014

Daltonismo

Oi, pessoal. Eu quero fazer uma confissão muito séria aqui: eu sou daltônico.
Isso é muito sério? Não, mas eu tinha que fazer uma introdução qualquer.

O que significa ser daltônico? Significa que você enxerga a faixa de cores da televisão como se fosse uma faixa de pedestre.  Significa que depois de muito tempo você vai descobrir que o título do seu blog não é branco. E significa que, no primário, sua professora vai ficar em dúvida se você é um artista surrealista ou apenas um maluco, quando você entregar sua árvore com o tronco pintado de roxo.


Tem algo bom em ser daltônico? Eu acho que sim. Minha mochila muda de cor, por exemplo. Às vezes é verde, às vezes é marrom. Ser daltônico me impede de ser racista. O Restart, para mim, é só mais uma banda com músicas ruins. Meu amigo tinha um jogo de xadrez que as peças eram de acrílico rosa e azul claro, e eu sempre dava xeque-mate... em mim mesmo, mas ainda assim um xeque-mate.

E sim, as coisas mudam de cor sim, senão eu não seria daltônico. E isso faz do camaleão apenas um calango idiota. Se as cores não mudassem para mim, eu saberia o nome delas, a não ser que minha mãe fosse daltônica e me ensinasse os nomes errados, o que ainda é uma possibilidade.

Mas não são todas as cores que mudam. Eu, por exemplo, só confundo o verde escuro e o vermelho com marrom, o verde claro com amarelo, o roxo com azul escuro e todas as cores muito escuras com o preto.

Eu acho bizarro a reação das pessoas quando eu falo que sou daltônico. Geralmente as meninas falam “Ah, que legal!” ou “Aaaaah” como se estivessem vendo um bebê sorrindo pela primeira vez. Não sei se vocês sabem, mas daltonismo é uma doença genética. Isso é a mesma coisa que:
— Eu tenho diabetes.
— Aaah, que fofo.

Outra reação comum é perguntar como eu sei as cores do semáforo. Eu sei do mesmo jeito que um cego sabe se está pegando um homem ou uma mulher... pela posição das bolas.
Gostaram dessa?

Logo depois dessas reações, as pessoas começam a perguntar: “Qual a cor disso, qual a cor daquilo?”. Isso é bizarro. Eu vou ver um cadeirante na rua e falar:
— Você é cadeirante mesmo? Tenta levantar aí pra eu ver... Tenta aí, mano. Ah, não consegue, não? Aaah que fofo.

O meu nível de daltonismo, se é que existe isso, é bem baixo. Normalmente não me atrapalha em nada, só nos testes que parece que eu sou quase cego. Aliás, por que os testes são imagens com bolinhas? Estranho, não? Antigamente será que os teste eram feitos em piscinas de bolinhas? Eu não sei.

Vamos fazer um teste juntos?
Imagem 1: o que vocês conseguem ver nessa imagem?
 Se eu tivesse visão normal, eu veria um 6. Eu não consigo identificar nada.

Imagem 2:
Supostamente há um 8 nessa imagem, mas eu só vejo um 3 rosa.

Imagem 3:

 Aqui eu vejo o melhor partido e o menos corrupto que o Brasil já teve.

Observações finais:
- Eu acho que, na verdade, o mundo é daltônico, e eu enxergo certo.
- Não consigo jogar aqueles jogos que vocês tem que jogar uma bolinha nas outras de mesma cor.