28 dezembro 2014

Cortar o cabelo

Primeiramente quero pedir desculpas a todos os meus três leitores pelos dois meses que não postei aqui. Novas tarefas surgiram na minha vida, e... e não vou dar mais explicações porque o blog é meu e eu escrevo a hora que eu quiser, não é mesmo, amiguinhos?

Existem muitas coisas entediantes na vida, mas com certeza as três mais entediantes são: comprar roupas, principalmente se os vendedores tiverem aquelas gírias de surfistas e acharem que são seus amigos de infância; assistir Faustão; e, por último mas não menos entediante, cortar o cabelo. Sério. Cortar o cabelo é muito chato. Toda vez que eu tenho que cortar o cabelo, eu olho para o cabelo e olho para o pulso, olho para o cabelo e olho para o pulso. Infelizmente o barbeiro só corta o cabelo.

Não sei explicar por que eu odeio tanto cortar o cabelo. Acho que é a união entre o tempo perdido com o preço pago nessa atividade. Pode ser também porque não passa no questionário que eu acabei de inventar e que realmente funciona: 1. O que eu vou fazer é melhor do que dormir? 2. O que eu vou ganhar vale o dinheiro investido? Cortar o cabelo não passa na primeira pergunta. Sinônimo de felicidade, para mim, é ser careca.

A consequência desse meu ódio é que de tempos em tempos meu cabelo fica impenteável, e é por isso que desde criança eu uso boné. Diferente do que muitos pensam, o boné não serve para cobrir os olhos do sol, mas para cobrir o cabelo dos outros olhos. Aliás acho que todas vestimentas têm essa função. É por isso que nada me tira da cabeça as muçulmanas são na verdade chewbaccas.


Vocês podem estar achando tudo isso um absurdo, mas acho que vão me dar razão quando eu disser que o corte de cabelo custa 25 (vinte e cinco; 1 real vinte e cinco vezes; duas notas de dez e uma de cinco; cinco notas de cinco; dois milk-shakes e ainda sobra) reais. Puta que pariu! É muito caro. Meu amigo que é da cor do fundo desse blog disse que por 25 reais o barbeiro tem que deixar o cabelo dele loiro e liso. E eu concordo com ele.

Sempre que estou com preguiça de ir cortar o cabelo, aparece um para falar: “o barbeiro tem família, hein”. E eu com isso? O cirurgião plástico também tem família, e nem por isso eu te enchi o saco. Sua mãe infelizmente também não pensou na família dos funcionários da clínica de aborto, não é mesmo?

Mudando de assunto, existe nome para cada corte de cabelo? Eu vou ao salão há muitos anos e nunca soube o nome de nenhum corte. O nome do meu é “só dá uma abaixada aí”. Podem copiar. Sempre que eu peço isso, tenho medo do barbeiro ser fã do Chaves e acabar se agachando.      

Toda vez que vou ao Salão Brasil, a televisão está ligada no History Channel. Isso é bizarro. Quando você vai a outras barbearias, você fica sabendo o que está acontecendo no seu bairro; já no Salão Brasil, você fica sabendo o que acontece na Mesopotâmia. Uma conversa muito comum de pessoas que acabaram de sair do Salão Brasil:
— Tá sabendo da novidade?
— Não. O que é?
— Colocaram fogo em Roma.

Eu lembro de uma vez, há muito tempo atrás, que o barbeiro, depois de algum tempo cortando meu cabelo em silêncio, perguntou: “tirar a costeleta?”. Meu coração disparou. Não lembro quantos anos eu tinha, só lembro que, na época, não sabia o que era costeleta. Respondi rapidamente que não. Pensei: “melhor não tirar. Não sei que merda é essa. Depois ele tira, e eu vou pra casa mancando... tô fudido. Melhor não”.

Observações finais:
- Esse cara seria um ótimo barbeiro: Seu Dente Bom
- Por que funcionários da clínica de aborto devem passar fome: Aborto
- Vou tentar escrever mensalmente de novo.
- Se você tem alguma história bizarra de barbearia, comente aí.

26 outubro 2014

Responsabilidade

“Eu só quero deixar claro que não tenho responsabilidade nisso”. (MACHADO, 2018, p. essa aqui)

- Eu não terei responsabilidade quando não tiver mais bananeiras no Brasil. Todas serão desmatadas numa tentativa de substituir o papel higiênico.

- Eu não terei responsabilidade quando a educação tiver pior, se isso é possível. Os professores de matemática em suas aulas colocarão os alunos em círculos para discutir se os números devem ser referidos no sexo masculino ou não, de modo que eles não reforcem o estereótipo gênero-numérico.

- Eu não terei responsabilidade quando só puder vender Dolly no Brasil. As outras marcas de refrigerante criam uma desigualdade de classes, e como elas só pensam no capital financeiro a única que sobrará no nosso país será a Dolly Guaraná, o sabor brasileiro.


- Eu não terei responsabilidade quando só pudermos assistir TV Senado e TV Câmara. Os outros canais serão democratizados para o povo, e como o próprio povo não está interessado nisso sobrarão, como assistíveis, só os dois citados acima. Os outros canais passarão shows de Chico Buarque e Gilberto Gil.

- Eu não terei responsabilidade quando o preço do bote subir 13000%.

Observações finais:
- Observação final removida pelo Marco Civil da Internet.

31 agosto 2014

Celulafobia

Nesse texto vou denunciar o, vou dalgo muito grave que vem ocorrendo no mundo e que ninguém parece se importar.

Certo dia, eu assisti a uma reportagem em um desses telejornais diários que noticiava um roubo de celular. E nessa mesma reportagem, vejam vocês, um policial militar dizia à população que evitasse sair pelas ruas com celular à mostra. Isso é um absurdo! Em pleno século XXI ainda convivemos com esse tipo de pensamento. As pessoas podem usar o celular do que jeito que elas quiserem.


É por isso que eu quero convocar todos vocês para saírem às ruas e dizer que os assaltos nunca são culpa das vítimas. Esse policial acha que pode dizer onde nós devemos guardar ou transportar nossos celulares. O celular é meu, e eu o levo onde eu quiser. Basta de celulafobia, smartphonefobia, telefonemovelfobia ou qualquer outro tipo de preconceito!

Vamos sair às ruas com os celulares sem capinha mesmo. Vamos chocar a sociedade e chamar atenção para nossa causa. Chega de achar que lugar de telefone é em casa. Basta de telefonefixismo! Meu chip, minhas regras!

Se não derem atenção ao nosso movimento, seremos mais radicais.

  
Observações finais:
- Esse texto foi uma resposta a isso: manifestodomachado.blogspot.com.br/marchadasvadias

29 julho 2014

Daltonismo

Oi, pessoal. Eu quero fazer uma confissão muito séria aqui: eu sou daltônico.
Isso é muito sério? Não, mas eu tinha que fazer uma introdução qualquer.

O que significa ser daltônico? Significa que você enxerga a faixa de cores da televisão como se fosse uma faixa de pedestre.  Significa que depois de muito tempo você vai descobrir que o título do seu blog não é branco. E significa que, no primário, sua professora vai ficar em dúvida se você é um artista surrealista ou apenas um maluco, quando você entregar sua árvore com o tronco pintado de roxo.


Tem algo bom em ser daltônico? Eu acho que sim. Minha mochila muda de cor, por exemplo. Às vezes é verde, às vezes é marrom. Ser daltônico me impede de ser racista. O Restart, para mim, é só mais uma banda com músicas ruins. Meu amigo tinha um jogo de xadrez que as peças eram de acrílico rosa e azul claro, e eu sempre dava xeque-mate... em mim mesmo, mas ainda assim um xeque-mate.

E sim, as coisas mudam de cor sim, senão eu não seria daltônico. E isso faz do camaleão apenas um calango idiota. Se as cores não mudassem para mim, eu saberia o nome delas, a não ser que minha mãe fosse daltônica e me ensinasse os nomes errados, o que ainda é uma possibilidade.

Mas não são todas as cores que mudam. Eu, por exemplo, só confundo o verde escuro e o vermelho com marrom, o verde claro com amarelo, o roxo com azul escuro e todas as cores muito escuras com o preto.

Eu acho bizarro a reação das pessoas quando eu falo que sou daltônico. Geralmente as meninas falam “Ah, que legal!” ou “Aaaaah” como se estivessem vendo um bebê sorrindo pela primeira vez. Não sei se vocês sabem, mas daltonismo é uma doença genética. Isso é a mesma coisa que:
— Eu tenho diabetes.
— Aaah, que fofo.

Outra reação comum é perguntar como eu sei as cores do semáforo. Eu sei do mesmo jeito que um cego sabe se está pegando um homem ou uma mulher... pela posição das bolas.
Gostaram dessa?

Logo depois dessas reações, as pessoas começam a perguntar: “Qual a cor disso, qual a cor daquilo?”. Isso é bizarro. Eu vou ver um cadeirante na rua e falar:
— Você é cadeirante mesmo? Tenta levantar aí pra eu ver... Tenta aí, mano. Ah, não consegue, não? Aaah que fofo.

O meu nível de daltonismo, se é que existe isso, é bem baixo. Normalmente não me atrapalha em nada, só nos testes que parece que eu sou quase cego. Aliás, por que os testes são imagens com bolinhas? Estranho, não? Antigamente será que os teste eram feitos em piscinas de bolinhas? Eu não sei.

Vamos fazer um teste juntos?
Imagem 1: o que vocês conseguem ver nessa imagem?
 Se eu tivesse visão normal, eu veria um 6. Eu não consigo identificar nada.

Imagem 2:
Supostamente há um 8 nessa imagem, mas eu só vejo um 3 rosa.

Imagem 3:

 Aqui eu vejo o melhor partido e o menos corrupto que o Brasil já teve.

Observações finais:
- Eu acho que, na verdade, o mundo é daltônico, e eu enxergo certo.
- Não consigo jogar aqueles jogos que vocês tem que jogar uma bolinha nas outras de mesma cor.

15 junho 2014

Dilma vaiada

Antes de ler o texto de hoje eu peço que você leiam os artigos abaixo. Eles foram escritos pelas pessoas mais sábias, pessoas que mais conhecem os problemas do povo e que mais representam a sua vontade.



O que aprendemos com base nesses artigos e em mais alguns outros:

- Aprendemos que xingar a presidente é uma “monumental grosseria”. É o que há de mais absurdo na sociedade. Quebrar patrimônio público ou propriedade privada como forma de protesto, tudo bem; xingar a presidente, aí já é errado.

É por isso que eu proponho a substituição, nos protestos, da polícia por operadoras de telemarketing, especialistas em ouvirem xingamentos. Dessa forma, os nossos heróis black blocs quebrariam as lanchonetes do palhaço em paz, acompanhados de perto pelas operadoras. Se alguns deles xingassem a presidente, seriam imediatamente carregados para o cantinho e teriam suas bocas lavadas com sabão.

Mas, se ainda assim quiserem xingar, eu deixo aqui uma lista de xingamentos permitidos: Bobona; Feia; Malcriada; Cara de mamão.   

- Aprendemos que quem xinga a Dilma é a Elite branca, como podemos ver nesses exemplos:

Lendo os textos acima, eu não consegui entender completamente se ser elite é uma coisa boa ou não. Como eu acho que quem escreveu os textos não quer que as pessoas fiquem pobres para sempre, eu vou deduzir que ser elite é uma coisa boa.

Por essa conclusão e pelos vídeos acima, eu indico a vocês que xinguem a presidente, caso queiram mudar de vida, ser elite, ou mudar de cor, ser branco.

- Aprendemos que separar uma parcela de pessoas por sua cor não é racismo, desde que essa cor seja a branca. Fica a dica aí para você que tem medo de falar alguma coisa e ser chamado de racista. Por exemplo, você dizer “os brancos não roubam” ou “os brancos são mais inteligentes” não é racismo.

- Aprendemos que a Elite branca ou é ingrata ou é burra por vaiar a presidente, porque a Dilma governa exclusivamente para eles. E nós, o povo, somos inteligentes por defender quem não governa para gente.

Observações finais:
- Se você também aprendeu tudo isso, eu quero deixar um parabéns cantado pela nossa presidente: https://www.youtube.com/watch?v=PkbjbRBjCoY
- Aprendemos que nosso idioma é o inglês, ou quase isso.

31 maio 2014

Inglês no Ônibus

Hoje, no ônibus, havia duas meninas conversando em inglês. Elas estavam sentadas do meu lado, no outro lado do corredor. Conversavam em um tom um pouco mais alto do que o normal. Eu não sei o porquê, mas aquilo estava me incomodando muito. Talvez porque eu não estava conseguindo me concentrar no meu livro. Aquela conversa parecia um diálogo entre dois cd-rom’s da Positivo que ensinam inglês para crianças do ensino fundamental.


Acho que aquilo não estava incomodando só a mim. A cada dez segundos, uma pessoa no ônibus olhava para as meninas. Elas não paravam nem um segundo sequer. Por um instante, eu compreendi Osama Bin Laden e seus aviões. Talvez ele estivesse em um ônibus tentando ler um livro e não conseguiu por causa de dois americanos. Nunca se sabe.

Eu estava com muita raiva daquelas meninas. Mas agora eu estou pensando: será que eu teria o direito de ter a mesma raiva direcionada a qualquer outra pessoa ou grupo? Vejam isso, eu fiquei com raiva, cheguei em casa e escrevi um texto falando que entendia Osama Bin Laden. Agora imaginem se no lugar das meninas conversando em inglês estivessem... se no lugar delas... é até difícil de escrever — não quero parecer preconceituoso... mas se no lugar delas... não sei se eu devo fazer essa comparação... Ah! Eu vou escrever assim mesmo... Imaginem se no lugar das meninas conversando em inglês estivessem meninas conversando em russo. Será que eu teria o mesmo direito de escrever um texto desse? Eu poderia dizer que eu teria raiva delas? Eu poderia dizer que agora eu compreendia Stálin? Eu quero deixar essa reflexão para vocês.

Observações finais:
- Eu não acho que esse texto merecia estar aqui. Não tem nenhuma situação extrema, nenhum absurdo, a não ser o fato de que eu estava sentado e ao mesmo tempo em um 507.
- Por causa do título, você pensou que o texto seria sobre algum gringo que queria conhecer o sistema Transcol?

30 abril 2014

Todos contra o @

Eu tenho notado que cada vez mais as pessoas estão usado o “@” em palavras que se referem a homens e a mulheres ao mesmo tempo. Por exemplo, a palavra “amigos”, quando está se referindo a mais de um gênero, torna-se “amig@s”, afinal nada mais opressor do que uma letra “o”, não é mesmo?

Mulheres, eu acho que vocês devem continuar lutando contra o preconceito e contra o Aurélio, mas não sejam egoístas. E quanto aos outros gêneros? As lésbicas, os gays, os travestis, os transexuais, os transgêneros e a Inês Brasil não merecem ser ignorados.

Foi pensando neles que eu desenvolvi esse novo caractere, muito menos sexista do que o antigo. Ainda não tem nome, pode ser “arromba”... não sei.  


Mas a opressão não para por aí. Vocês já repararam em como a letra “t” parece uma cruz? Isso não pode ficar assim. O Estado é laico. Por isso eu fiz algumas alterações no caractere.


Outro ponto que passaria despercebido pela maioria é letra “A”. Se vocês prestarem atenção, notarão que ela fica em pé e possui duas pernas, oprimindo todos aqueles que são cadeirantes. Tá aí a minha modificação.


Mas, se estiver com pressa ou não tiver acesso, você pode escrever dessa outra forma.


Ainda há muito o que ser feito para acabarmos com a desigualdade e a opressão da língua portuguesa e das letras ocidentais. Por isso peço a ajuda de todos para compartilhar esse texto e para criar novos caracteres.


Observações finais:
- Próxima luta: chega de páginas brancas! Queremos páginas em degradê.
- Mais non-sense que isso, impossível.
- Se você tem alguma sugestão, deixe nos comentários.

31 março 2014

31 de Março

Pelo que estou observando – e pelo que me foi ensinado também –, me parece que os militares estavam tendo uma dia extremamente chato, provavelmente estava passando Lagoa Azul na Sessão da Tarde pela trigésima vez, e alguém, no quartel, soltou a frase “e se a gente desse um golpe de Estado”. Os outros desligaram a televisão e foram.

Já que ninguém gosta de ditadura e quer que não se repita, eu vou lançar minha campanha aqui:

Dilma, invista em mais damas, sudokus e palavras-cruzadas!

Desse modo, você pode até transformar o Brasil numa Venezuela que os militares não vão fazer nada.


30 março 2014

Aborto

Vamos falar de coisa boa? Hoje o tema é aborto.

Esse é um tema muito complexo, não dá para encerrá-lo assim tão fácil como se fosse apenas uma vida em formação na barriga de uma mulher, não é mesmo? É por isso que vou tentar me limitar a somente comentar alguns argumentos contra ou a favor.

Vamos começar pelos melhores: "Você só defende o aborto porque já nasceu". Tá aí um argumento completamente irrefutável. Eu nunca vi alguém que não tivesse nascido defender o aborto. E se um dia eu ver, eu vou ficar com medo pra caralho. Se existisse, seria tipo um anjo Gabriel ao contrário. Viria um anjo do inferno e diria: “Não tenhas medo, mulher, porque estais na graça da Dilma. Abortarás um filho a quem porás o nome de... o nome de... ah! Esquece.”

Tem outro argumento assim: “Se o aborto fosse liberado, o número do DST’s aumentaria”. Esse argumento sozinho não tem o menor sentido. Ignorando completamente se o aborto é um assassinato ou não, essa pessoa está mais preocupado com a saúde dos outros. Se você falar para ela “eu matei uma pessoa”, ela vai falar “relaxa, isso acontece”. Mas se você falar “tem uma verruga no meu pau”, ela vai falar “cara, você é maluco! Como pôde fazer uma coisa dessas, cara?! Não. Não, cara. Não”.

Eu sei que o ponto desse argumento é o aumento do preço da saúde pública. E é um motivo bem justo. Mas quem fala esse tipo de coisa parece aquele cara chato do condomínio que fica vigiando e reclamando se tem alguém gastando demais a energia do prédio. Esse cara deve sair na rua perguntando: “Bom dia. Hoje você já deu aquela lavada na rola? Eu não pago o governo para gastar dinheiro com DST, hein.”.

Agora, qual é o argumento central das pessoas que defendem o aborto? Me parece que é a liberdade da mulher sobre seu corpo, não é isso?

Interessante, mas, se você defende a liberdade sobre seu corpo sem se importar se o aborto é um assassinato ou não, você é um completo idiota. É só isso: você é um idiota. Não se defende a liberdade do corpo sem primeiro defender a vida. Seria o mesmo que o McDonald’s dizer que o lanche número 20 será de graça até o final do ano e não fazer o lanche até o final do ano. Não tem lógica nenhuma. Isso só tem lógica se você defende o assassinato. Aí eu indico para você uma pequena lista de ideologias genocidas – em ordem de mais para menos: comunismo, nazismo e fascismo.

Você, defensor do aborto que não se importa se é uma vida, pode dizer assim: “Mas está no corpo da mulher. Ela deve ter o direito de escolher”. Eu te digo: meu irmão está dentro da minha casa, eu tenho o direito de matá-lo? Eu nunca fiz isso, apesar da vontade. Você pode dizer: “Mas faz parte de corpo da mulher”. Aí eu te digo: E irmãs siameses? Para você, uma pode matar a outra? E, como você é justo, aposto que, quando elas nascerem, você vai dar uma arma para cada uma, contar a três e gritar “já!”. Só não vá falar para cada uma dar três passos para cada lado, porque isso vai ser politicamente incorreto. Você vai passar vergonha.

Algumas pessoas vão dizer que o feto... embrião... qualquer coisa que seja aquela porra não é uma vida e que, se fosse, masturbação seria holocausto. A piada é boa, mas o argumento não. Um espermatozoide sozinho não gera uma vida. Nenhum homem vai chegar numa clínica e falar: “Hoje eu vim abortar o saco”. Do mesmo modo, um óvulo não gera vida. Nenhuma mulher fala: “Hoje eu vim fazer um aborto preventivo. E pode marcar um pro mês que vem”. A mulher aborta para interromper a formação de uma vida, se o que está nela já não for um ser vivo.

“Só é vivo quando eu o vejo”. Stevie Wonder pode matar, então? “Só é vivo quando eu o vejo e posso pegá-lo”. Stevie Wonder sem braço pode matar, então?



Existe uma ONG chamada “Católicas pelo direito de escolher”, que defende o direito de escolher abortar ou não. O próximo passo é o quê? Lutar pelo direito de aceitar Maomé como messias e de ter mais de cinco maridos.

Quero deixar um desafio para vocês: Há alguma lógica em ser a favor do aborto e, ao mesmo tempo, defender a preservação do planeta? Respondam nos comentários. A única forma que eu consegui de responder essa pergunta, sem ser contraditório, é dizendo que as outras formas de vida são, necessariamente, mais importantes do que a vida humana, mas eu não acredito nisso.

Observações finais:
- Saiba mais sobre o aborto com minha amigas da Marcha das vadias.
- A questão fundamental sobre o aborto é saber quando começa a vida.  E não há definição científica para isso.
- Com 50% de chances de estar cometendo um assassinato, você vai optar pelo sim?
- Na verdade, eu não estou me importando muito com isso, afinal, eu já nasci mesmo.

Queria ver se você não tivesse nascido como você ia comentar.

28 fevereiro 2014

Uma viagem

Ao terminar de um dia normal, um jovem normal voltava para sua casa em um ônibus também normal. E normal, nesse último caso, significa lotado de tal forma que não havia espaço para encher os pulmões de ar. O jovem estava em pé, assim como mais cento e cinquenta pessoas. Pelo menos foi o que seu cérebro o fez pensar. É nesse cenário que, ao olhar fixamente para a pessoa que estava sentada a sua frente, ele começou a ter os pensamentos que eu quero compartilhar com vocês, agora.
“A última vez que fiquei tão perto de alguém foi quando eu era um feto”, ele começou, já entrando em devaneio, que, aliás, acontece com certa frequência. “Eu daria tudo pra estar sentado, afinal eu já estou dando mesmo” (Você, leitor, entenderá isso no final do texto). Depois desses pensamentos um tanto quanto bobos – que é outra de suas características –, o jovem tirou o pequeno sorriso do rosto, e, de repente, suas reflexões tornaram-se mais sérias. “Isso me parece muito injusto. Por que algumas pessoas podem viajar sentadas e a maioria tem que viajar de pé?”. A partir daí, certo ódio pôde ser notado em nosso personagem. “O que faz essas pessoas sentadas terem mais privilégios do que as outras?”, continuou, “o pior é que ninguém parece se importar com toda essa injustiça e desigualdade”.
É nesse momento que o jovem passou a ter ideias para solucionar os problemas que, segundo ele, as pessoas não tinham capacidade para reconhecê-los. “Poderiam existir mais bancos em todos os espaços do ônibus: no corredor, perto do motorista, do lado das cadeiras únicas... assim mais pessoas sentariam”. Rapidamente ele percebeu que essa alternativa não funcionaria, pois não teria por onde as pessoas passarem para chegar ao fundo do ônibus. Chamou essa solução de solução utópica.
O jovem continuou seu exercício mental. “Já que não há possibilidade de cadeiras para todos, acho que as cadeiras que existem deveriam ser retiradas. Sobraria mais espaço, e aí sim teríamos igualdade”. A princípio, ele gostou muito de sua ideia. Pensou até em escrever um livro para convocar as pessoas que viajam em pé para lutar por essa causa. De tão convicto, o jovem chamou essa solução de solução científica. Minutos depois, porém, ele notou que não teria o apoio das pessoas que viajam sentadas e notou, também, que não teria nem mesmo o apoio das pessoas que viajam em pé, visto que elas, como qualquer outra, têm o desejo de um dia viajar nas cadeiras. Ele, por um instante, ficou um pouco triste, desistiu da ideia, mesmo sabendo que se escrevesse o livro, devido sua inteligência e capacidade de persuasão, teria seguidores que fariam de tudo para atingir tal objetivo. Ele poderia, também, através de seu livro, convencer as pessoas de que o que elas desejam não é bom para todos. No entanto, ele percebeu que isso seria desonesto, porque não é possível saber o que é bom para uma pessoa melhor do que ela própria.
A sua pouca tristeza foi se transformando em muito ódio. Estava há muito tempo, naquele cenário caótico, buscando outra solução. Ela chegou, quando a bolsa da pessoa que estava sentada a sua frente, devido ao ônibus ter feito uma curva fechada, caiu em seu pé. “Encontrei mais uma solução!”, pensou, “nunca vi uma dessas pessoas sentadas dando lugar a alguém que está há muito tempo em pé; nunca vi nenhuma delas fazendo um ato de solidariedade; nunca vi nenhuma delas sentindo pelo sofrimento alheio. Então, por que não as eliminamos?”. Ele estava tomado pelo ódio, seus olhos estavam vermelhos de raiva. Chamou essa solução de solução real. “Desse modo, aqueles que viajam em pé me apoiariam, e não teria quem seria contra. O único problema seria convencer as pessoas de tal ato”.
Alguns segundos após esse último pensamento, a jornada finalmente chegou ao fim. E em seguida, nosso jovem, depois que sai um rapaz afrodescendente que passou a viagem inteira com seu órgão exclusivamente masculino atrás dele, acorda de seu devaneio e percebe o quão absurdo foram as ideias que ele teve durante todo esse período.
Nesse momento, você deve estar se perguntando como eu sei disso tudo. Eu te respondo dizendo que foi ele que me contou toda a história. Agora, não sei se explico aqui claramente os motivos que fazem dessas soluções – da utópica à real – serem um absurdo e completamente idiotas, afinal, não estava nem com vontade de contar essa história a vocês... Vou decidir por não explicar. Fim.

31 janeiro 2014

Ônibus

Qual é a parte do seu dia que você mais odeia? Se você não tem carro e não trabalha em regime de escravidão, provavelmente é a hora que você está no ônibus.

Antes de escrever o texto de hoje, eu quero deixar aqui um texto bem antigo desse blog: Transporte Público (clique no nome). Eu gosto desse texto porque, apesar de eu passar por um período obscuro, depois daquela época, no qual eu achava que uma pessoa deveria ser obrigada a pagar coisas para as outras, mostra que antes eu não era tão idiota.

Contradizendo o que eu acabei de falar, o texto de hoje é bem idiota.

Depois de muita observação e noites perdidas, eu desenvolvi um método para conseguir sentar no ônibus. E hoje eu quero repassar para vocês. Uma das coisas fundamentais, assim como o livro a Arte da Guerra ensina, que nesse caso a situação é quase a mesma, é identificar o ambiente. Como eu sempre morei na Serra e estudei, por muito tempo, em Cariacica, foi baseado nesse ambiente que eu desenvolvi essa estratégia.

A primeira coisa a fazer para conseguir sentar é guardar a cadeira que a pessoa sentada vai rapidamente descer do ônibus (guardar, nesse caso, significa ficar do lado do banco, de modo que você é o único que conseguirá sentar se uma das duas pessoas sentadas se levantarem, e se nenhum maluco pular por cima da cadeira na sua frente, o que acontece às vezes).


Agora eu vou dar a dica de como identificar o passageiro que vai descer rapidamente: se você está saindo de Cariacica e indo para a Serra, fique parado por uns 30 segundos do lado pessoa sentada. Se sua carteira sumir, é porque ele vai demorar muito para descer. Guarde o lugar de outra pessoa. Mas se você não quiser perder seus objetos e mesmo assim quiser sentar, procure ficar longe de bonés da Ciclone, bermudas caindo na cintura, cabelos amarelos, celular tocando putaria e bigodinhos malfeitos...

Agora, se você está indo da Serra para Cariacica, por que diabos você vai guardar um lugar com uma pessoa feia? Você está querendo ir em pé? Quanto menos dentes tiver a pessoa, mais longe ela vai descer. Se você, por acaso, tiver guardando um lugar que tenha duas mulheres parecidas com a Regina Casé ou a Maria Bethania, saiba que suas pernas vão doer muito no outro dia.

Observações finais:
- Provavelmente vou escrever a parte dois. Ainda há muitas coisas a dizer sobre ônibus.
- Já vou avisando que se alguém criticar meu texto, vai ser xingado.

Estou brincando. Pode comentar qualquer coisa aí.