31 agosto 2013

SESI II

Como prometido no último texto, estou postando a parte 2 agora. Se você não leu, você tem sorte. Mas, se ainda assim você quer ler, aqui está o link: SESI

Agora vou falar de um medo que eu tinha na escola, quando eu era criança. Não só eu, mas acho que todo mundo tinha esse medo também. Quando eu chegava um pouco antes da aula começar – o que não acontecia muito – e via os moleques, um tentando empurrar o outro para dentro do banheiro, eu já sabia que era um daqueles dias que davam muito medo. Apesar de parecer, até por ser no SESI, aquilo não era uma tentativa de estupro dos viados... Era a Mulher do algodão que tinha aparecido no banheiro. E no SESI, eles tinham muito, mas muito medo da mulher do algodão. Não porque ela era um fantasma, mas porque era uma mulher!... Os viados falavam “tirem essa baranga daqui!!!” e saíam correndo... Se fosse o Homem musculoso do algodão, duvido que eles iam ter tanto medo assim... E, não sei por que, mas naquela época, eu achava que a Mulher do algodão era feita de algodão. Já, hoje, eu não entendo por que eu tinha medo... Ela era de algodão, porra!!!  Ela ia fazer o quê? Limpar o meu ouvido?... Eu era muito idiota. (ERA sim. Por quê?). Pior do que eu, era meu amigo que achava que tinha uma mulher vendendo algodão-doce no banheiro.

Vocês se lembram do ritual para chamar a mulher do algodão? Pode ser que na sua escola fosse diferente. No SESI, você tinha que xingar três vezes e dar três descargas. A Mulher do algodão gosta de palavrões e do vaso bem limpinho. Vai entender, né? O interessante é que você se fodia de qualquer jeito. Se você desse descarga, aparecia a Mulher do algodão; se não desse, aparecia a tia da limpeza, que dava tanto medo quanto.  

Mudando de assunto, o SESI é uma das poucas – ou única – escolas particulares que dão merenda – não sei se ainda dão; davam quando eu ainda estudava lá. (Merenda é um nome escroto, não? Só usei porque não tinha outra palavra melhor). Essa era a hora que a escola se vingava dos alunos. Tinha o famoso pão de sal, que os moleques deram o apelido de pão borracha ou pão pedra. O pão era muito duro, sério mesmo. Não era pão dormido, era pão em coma. Lembro que, quando a mulher me entregava o pão, eu tinha que fazer o gesto como se ela tivesse me dado um peso de 20 quilos. Tinha uns alunos que juntavam um monte e levavam pra casa para o pai construir mais um cômodo... O suco, todo mundo sabe, era água colorida, mas o de limão... era água sanitária aquela merda. Você bebia e saía aquela fumacinha da sua boca... O cardápio era pegadinha com alunos. Tinha pão com mortadela, mas sem mortadela. Pão com presunto, mas sem presunto. Pão com queijo, mas sem queijo. Pão com manteiga... mas sem pão... os moleques ficavam lambendo a mão. A cena era bonita. Teve um dia que foi caviar. Na fila, uma mulher falava “hoje é caviar” e colocava no seu prato, aí você dava um passo e outra mulher falava “mas sem caviar” e tirava do seu prato.

Observações finais:
- Esse último parágrafo eu falo desde quando eu tinha 12 anos, por isso é tão idiota. :/
- Mulher do algodão é Loira do banheiro em alguns outros lugares.
- Postado 01/10/13

Você tinha medo da Mulher do algodão? Comenta aí.